segunda-feira, 20 de junho de 2011

Hiato


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Confesso que ando meio á toa,
me sinto marinheiro na proa,
pássaro que não voa,
uma lembrança nem ruim, nem boa.


Mais pareço um pássaro ferido,
não se empoe fica escondido,
cicatrizando o coração partido,
relendo o que nunca foi lido.


Fico assim brincando com as letras,
lendo outros nobres poetas,
ouvindo velhos profetas,
procurando a direção nas setas.


Estou num hiato entre o presente e o passado,
jogado nem canto deixando de lado,
escrevendo nas paredes um triste fado,
tirando o pó de tudo o que estava guardado.


Estou caminhando errado talvez,
deveria ver em meus olhos o que tu vês,
prever as jogadas nesse xadrez,
em que não podes ver que tu és.


Agora é melhor partir,
mesmo que eu não tenha pra onde ir,
não resta nada além do que seguir,
e encontrar alguém no caminho que me faça rir.

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