quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Poema sobre os meus quatro anos de casados

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Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser jogar bola,
que jogue,
mas que lave o uniforme quando chegar.
Eu não.
A qualquer hora da tarde me levanto,
ajudo a torcer, a fibrar, a chorar e a gritar. 
É tão bom, só a gente sozinhos na sala,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “o time é horrível”
“o juiz está roubando na cara dura”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a sala como um rio profundo.
Por fim, os gols acabam acontecendo,
vamos dormir.
Coisas prateadas soam como bodas de flores e frutos: somos noivo e noiva, como se fosse a primeira vez. 

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