terça-feira, 11 de junho de 2024

Poema sobre o jardim secreto de cada um

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Nesta era em que tudo é fabricado, em que nada é natural, em que nada é puro; em que os primeiros beijos se trocam por redes sociais, se fala por Whatsapp  e os ditos encontros românticos acontecem no cinema, entre um balde de pipocas e um copo de coca-cola, nesta era, que já não é minha, já não é tua, já nem é nossa; deixa-me falar-te de um Jardim secreto da minha alma onde colho buquês de estrelas amarrados por brilhantes raios de luar.
Deixa-me falar-te de um poema de amor.
Um poema que eu quero voltar a escrever sem reticencias, sem pontos de interrogação.
Apenas com letras do alfabeto do coração, com caneta de tinta incolor que carece de brilho, de relevo dizendo que todos nós temos um jardim secreto em nossa existência.
Às vezes colhemos rosas e às vezes espinhos.
Deixa-me falar-te do jardim secreto de pessoas que têm o controle de seus sentimentos e ao relacionar-se afetivamente com alguém; permite que o outro adentre e ocupe certos espaços em seu coração e em sua vida. 
Deixa-me falar-te de pessoas que só teremos acesso em seus corações quando conseguimos um martelo e um torno.
Deixa-me falar-te de pessoas que pode nos guia por um caminho aonde existe ternura no ar, onde tudo que quisemos ou precisamos sempre vai ficar milhões de quilômetros de distância.




segunda-feira, 3 de junho de 2024

És o mais bonito dos planetas

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A natureza é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver.
Mas nós, em contrapartida,
a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição.
Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício.
E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Nós não conhecemos sua natureza e sua história.
Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos.
O lixo que jogamos no chão pode não falar, mas ele comunica uma mensagem importante sobre nossas atitudes e valores.
Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas,
os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Temos que saber que a terra é um grande ser do universo, de infinitas faces, de infinitas formas de vida, de infinitas histórias e aventuras; hoje  com teu corpo doído e sofrido, com teu sangue corrompido e manchado, com tua pele machucada e queimada.
Ainda persistes em acolher bem o teu filho predador que é também predador de si próprio.
Hoje é nosso dever assumirmos contigo o compromisso de te cuidar, de te recuperar, de te regenerar a começar pela própria regeneração humana.
A humanidade está cega pelas promessas das modernas ciências do saber que reconhecem, timidamente, a sua pequenez.
E é por teu amor incondicional que transcende a compreensão humana, que assumimos o compromisso de gritar por ti clamando alteridade,
caridade, amorosidade, respeito.
Terra.
És o mais bonito dos planetas.
A ti pedimos perdão pela nossa insensatez.
Assumimos hoje de forma individual e global, o compromisso de resgatar a consciência integral para que cada ação nossa colabore, para o nascimento de uma nova humanidade que te respeite, que te honre, que te ame verdadeiramente.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos  meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras.
O universo e a natureza possuem história.
Ela está sendo contada pelas estrelas, pela terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios.
Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.
Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. 
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas.
O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser  de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais.
Caso contrário  teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

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