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No deserto, Jesus percebeu que não havia meios de saciar a fome.
De repente, uma voz mansa lhe sugeriu: “…és filho de Deus, transforma essas pedras em pães”.
A sugestão de transformar pedra em pão não satifazia uma vaidade,
mas uma necessidade.
O milagre não seria espetáculo no deserto não havia espectador.
Jesus rejeitou a sugestão.
Não só de pão vivem as pessoas.
Ele não aceita enfrentar os percalços da vida com uma solução milagreira.
Nunca é ético buscar salvamento só para si.
Jesus acolheu a possibilidade de morrer de fome.
Dali para frente, ninguém deveria supor que ele veio limpar o caminho para que a existência seja aplainada com milagres.
Jesus de Nazaré o filho do homem revelou não só em si que não devemos recorrer a saltos mágicos no enfrentamento da existência.
Quem oferece atalho é, na verdade, o diabo.
“No mundo vocês terão problemas,
mas vejam como eu encarei os meus problemas e os venci, e tenham bom ânimo” [Jo 16.33].
A mesma atitude deve se reproduzir em nós.
O único pão vindo do céu que devemos esperar é o que nos sacia de transcendência, de beleza e de sentido.
“Os seus antepassados comeram o maná no deserto, mas morreram.
Todavia, aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer”.
[Jo 6.49-50].
O único milagre que devemos esperar de Deus se traduz na coragem existencial.
Jesus nos ensinou a viver conectados a Deus, mas sem cogitar milagre como sinônimo de intervenção.
Mergulhados em Deus teremos fé para enfrentar qualquer tempestade.
Deus não alivia os ventos contrários, mas nos dá fé para suportar as tribulações da vida.
“Quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha [Mt 7:24-25].
A possibilidade de sair do perrengue do deserto por uma intervenção sobrenatural deve ser rechaçada.
Quem sugeriu tal coisa foi Satanás.
E ele não para com suas ofertas.
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