sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Caixa de Pandora

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A invasão da Ucrânia pela Rússia talvez venha a se provar o evento mais transformador da ordem geopolítica global desde a Segunda Guerra Mundial, ou no mínimo, desde a Queda do Muro de Berlim;
maior até que o 11 de setembro.
Do ponto de vista de Putin e de grande parte da população russa, desde a queda do muro de Berlim,
o fim da União Soviética e o acordo nuclear da Rússia com os EUA,
a Europa Ocidental e os EUA vêm sistematicamente expandindo sua zona de influência em direção à Rússia, através da União Europeia e da OTAN. A possibilidade de que a Ucrânia entrasse para a OTAN e,
por consequência, que os EUA pudessem ter uma base militar lá representa para os russos,
nas palavras do próprio Putin,
o equivalente a como os americanos se sentiriam se a Rússia resolvesse montar uma base militar no México ou no Canadá, algo similar à Crise dos Mísseis, em 1962, com a possibilidade de implantação de mísseis soviéticos em Cuba.
Em 1994, Rússia, EUA, Ucrânia e Reino Unido assinaram o Memorando de Budapeste, garantindo que nenhuma das 3 nações usaria força contra a Ucrânia e todas elas respeitariam suas fronteiras.
Dois anos depois, em 1996,
a Ucrânia entregou suas armas nucleares.
A invasão da Ucrânia, sem reação militar dos EUA e da Europa, estimulará a Rússia a expandir suas fronteiras em direção a outras antigas repúblicas soviéticas e ao leste europeu.
Estes países, por sua vez, vão se convencer de que não podem contar com a proteção das potências ocidentais e que é melhor ceder aos russos ou ter sua própria proteção nuclear.
Para piorar, no conflito na Ucrânia,
a China já apoiou a Rússia e acusou os EUA de adotarem uma postura “imoral e irresponsável”.
Juntos, China e Rússia têm o maior arsenal nuclear e capacidade de cyber ataque, vindos da Rússia, e a força econômica, tecnológica e o maior exército do mundo, vindos da China.
Em resumo, abriu-se ontem uma Caixa de Pandora que poderá marcar o início de uma nova era de conflitos significativos entre as potências ocidentais e as potências totalitárias orientais, com enormes impactos geopolíticos, econômicos e financeiros. 

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