segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Poema sobre o caos do Brasil

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Temos no Brasil uma patologia que nos aflige de séculos de descaso com a coisa pública, do escárnio com a vida daqueles que não possuem representatividade, pois são invisíveis sociais, e também é resultado de uma ignorância endêmica mantida programaticamente por um sistema perverso que visa produzir alienados em série. 
A história nos revela, que grandes nações do mundo viveram este mesmo estado das coisas, ainda que há séculos atrás, é bem verdade, mas nós possuímos o atenuante de sermos um País relativamente novo, com apenas 500 anos.
Os Gregos, de quem o ocidente é filho, só deram seu salto civilizatório quando os mitos morreram abrindo espaço para o surgimento do pensamento filosófico, inquieto por natureza, questionador em sua essência da verdade.
Foi olhando para a realidade e para os fenômenos tangíveis que eles avançaram como sociedade, o caos produziu a lucidez necessária para às mudanças. Deuses, bestas e feras ficaram para trás, não passavam de representações da infância da consciência e do saber. 
Na mesma perspectiva, outro evento que mudou drasticamente o ocidente foi a Queda da Bastilha na França do século XVIII.
Ali encontrava-se uma sociedade corrompida, onde os ricos e aristocratas deleitava-se  na opulência e o povo morria de fome as portas do Palácio de Versalhes.
Foi o caos que produziu o Haja Luz da França, a decadência econômica foi o combustível que alimentou o motor de propulsão para fazer explodir a revolta popular que levou para a guilhotina o rei Luiz XVI e sua esposa Maria Antonieta e pavimentou o caminho para que o País se tornasse a potência que é hoje. 
Um pouco antes, no século XVI, outro acontecimento de importância ímpar para o ocidente teve suas origens no caos.
Falo da Reforma Protestante, que quebrou, na idade média, o ciclo de séculos de escuridão e obscurantismo de uma igreja decadente e corrupta.
As Teses de Lutero, restritas a esfera religiosa, tiveram desdobramentos tangíveis na economia e na política.
Mas assim como todos os outros, este foi um evento tecido pacientemente pelo tempo, como uma teia de aranha, até que todas as condições para a insurreição estivessem devidamente alinhadas. 
Assim, do ponto de vista da fenomenologia do que sucede no Brasil, estamos avançando no trilho que nos levará ao caos, o que me faz alimentar uma esperança de que, em algumas décadas, talvez, vejamos um novo Brasil surgir das cinzas. 
A síntese, todavia, e para minha esperança, será acordarmos, definitivamente, deste berço esplêndido no qual somos ninados desde o descobrimento do País.

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