quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Como se fosse a primeira vez

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Cada vez que eu olho para a minha esposa,
cada dia que acordo ao lado dela,
o que mais me comove e impressiona é precisamente a novidade de vê-la e também poder amá-la e ter a sorte de ser amado por ela.
Cada coisa que fazemos juntos, como cozinhar, lavar a louça, é uma cerimónia que construímos juntos pelo desejo e pelo entusiasmo de lá estar.
Eu sei que o casamento é só uma palavra:
É verdade.
Mas também pode ser a vontade de casarmos e ficarmos casados,
todos os dias,
com a mesma pessoa que amamos.
Ou seja, cada vez nos casamos mais.
Cada vez nos adaptamos, cedermos um ao outro, sabemos quantas gramas de açúcar precisa ser colocar no café semanal ou quantas gramas de sal no arroz e feijão.
Todos os dias nos casamos, como se fosse a primeira vez.
Pois as diferenças dela vão cabendo cada vez melhor nas minhas.
Cada vez somos, a Maria João e eu,
mais livres de sermos como somos,
cada um de nós, e de sermos como somos, nós os dois.
Ela torna-se mais ela; eu torno-me mais eu,
ela e eu com menos medo que o outro fuja por causa disso.
Por isso, sabemos que o segundo mês vai ser melhor do que este.
Porque todos os dias nos casamos mais.
Todos os dias dizermos sim para a vida que nós temos.

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