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Aquelas pessoas não poderão entrar no mesmo rio duas vezes.
Eles nunca mais entraram no Rio Doce assim,doce.
Pois os impactos são irreversíveis.
Os efeitos deletérios se propagam em cadeia por longo tempo,
além de serem incalculáveis como a inominável cimentação do fundo do Rio Doce e de afluentes.
Indenizações têm que ser estimadas, mas não repõem múltiplas espécies de vida feridas de morte com ferro.
Ninguém poderá construir em seu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida,
ninguém exceto vós, somente vós mortos.
Naquele dia o rio morreu, ecologicamente.
Não existe mais nada,
não existe vida no rio;
primeiro morreu toda a fauna,
a flora está terminando de morrer nestes dias.
Essa tragédia me atingiu diretamente, atingiu- me porque eu sou um rio.
Agora eu sou um barro procurando inúmeras verdades, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-me do outro lado do rio;
mas isso me custaria a minha própria pessoa, eu me hipotecárias e me perderias num caminho por onde só eles poderão passar.
Por enquanto eu podereis lembrar das vítimas, do rio doce, que agora é amarga.
Amarga é a vida e os choros das pessoas.
Entre estatais, e multinacionais, o rio das pessoas e de pessoas morreu.
Agora o diálogo do poder e poderosos de Brasília é sobre a dívida interna, a dívida externa e a dívida eterna.
Eles não querem ratificar quantas toneladas exportaram de ferro?.
Quantos mortos retiram da lama? .
Quantas lágrimas disfarçaram sem berro?.
Não! . Nada disso importa para eles a não ser a importação.
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