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Meu coração virou um estojo em que guardo um inexplicável carinho por Deus.
Estou crescentemente apaixonado pelo Deus que recheia a vida com beleza.
Abro essa caixa e vejo dentro dela alguns tesouros sobre o divino que me deixam cheio de amor e temperamento.
Mas la dentro há bugigangas também, pois há noções de um Deus reduzido à condição de condutor de locomotiva que conduz, sob controle absoluto,
o comboio da história.
Desprezo essas quinquilharias e me concentro em colecionar as peças que me lembram que o Espírito anima gentileza, benignidade, bondade, ternura, hospitalidade e serenidade.
Eu me arrepio ao notar que Deus é um brilhante e suas várias facetas combinam mais com um coração materno do que com o de um justiceiro, zelador da lei.
Quando dizemos que Deus ama o mundo de tal maneira que entrega seu filho Unigênito, estamos também afirmando que a vida é tão cara que a felicidade divina está atrelada à pessoas.
Ou seja, aquele que ama diz à pessoa amada: amo-te e segui-te-ei até ao fim do mundo; quero depender de ti.
Quem mais ama é mais dependente.
Deus é amor em absoluta decisão.
Livre para justiçar, ele renunciou um distanciamento plácido; e soberanamente fez com que amor e dependência mútua se tornassem sinônimos.
Depois que abro minha caixa sagrada, fico um lancinante desgosto quando ouço frases sobre as demandas legais para alcançar uma perfeição santa e com os estímulos do “ter que” para ter sucesso.
Meu desgosto pela rigidez é inadiável ao ver que já guardei teologias que insistiam em propor absolutos enquanto relativizavam o amor.
Jogo fora tudo o que se refere ao amor de Deus e necessita acrescentar um “mas” depois do substantivo amor.
Em minha caixa, cuido apenas dos itens que considero sagrados: gentileza, cortesia, respeito e acolhimento.
Enquanto mexo em meus tesouros me sinto desafiado a ser um ouro ou,
quem sabe, um brilhante que alguém guarda em seu próprio estojo.
Gostaria de ser um milagre na vida de pessoas.
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