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Não é possível ver a fome dos palácios de Brasília.
Não é possível ver a fome dos templos das igrejas evangélicas, onde a miséria é sinônimo de maldição.
Não é possível ver a fome nas cadeiras de deputados e senadores do Congresso Nacional,
ali o que se vê é apenas oportunidade de lucro com a desgraça alheia.
Não é possível ver a fome nos tribunais, ali só se enxerga os ritos frios da Lei, e sua aplicação correta se dá apenas para quem pode pagar bons advogados.
Não é possível ver a fome sem ir a lixões, favelas, cracolândias, prostíbulos, cadeias, nos antros das cidades, a geografia dos oprimidos da Terra não dá para ser vista dos apartamentos da classe média nos Jardins, ou das torres dos empresarias da Faria Lima,
tomando São Paulo por referência.
Se você quiser ver a fome e a miséria do Brasil, tem que meter a mão na lepra social, tem que sujar a roupa nos becos alagados das favelas,
de onde você está,
muito provavelmente, não dá para ver a dor, de onde você está,
talvez o Brasil faça sentido e funcione, como o Presidente da República afirmou revelando o que já se sabe desde sempre: o povo que morra!.
Seja de COVID, seja na bala,
seja com fome.
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