sábado, 21 de dezembro de 2024

O Natal de cada um

.


Paulo disse que não era mais para se guardar festas religiosas como se elas carregassem virtude em si mesmas.
Assim, as datas são apenas datas,
e as mais significativas são aquelas que se fizeram história, memória e ninho em nós.
Ora, o mesmo se pode dizer do Natal, o qual, no cristianismo, celebra o “nascimento de Jesus”, ou, numa linguagem mais “teológica”, a Encarnação.
No entanto, alguns estudiosos e historiadores disseram que Jesus não nasceu no Natal, em dezembro, mas muito provavelmente em outubro.
Entretanto, o Natal é uma herança de natureza cultural, instituída já no quarto século.
De fato, o Natal da Cristandade, que cai em dezembro, é mais uma criação de natureza constantiniana,
e, antes disso, nunca foi objeto de qualquer que tenha sido a festividade da comunidade dos discípulos originais.
Por mais que a Encarnação, que é o verdadeiro natal, não é uma data universal embora Jesus possa ter nascido em outubro, mas sim um acontecimento existencial que tem seu inicio em nós quando cremos que Deus estava em Cristo, e se renova em nós cada vez que vivemos no amor de Deus, confiantes na Graça da Encarnação e na Encarnação da Graça: Jesus, o Emanuel.
Que embora o Natal da Cristandade não seja nada além de uma celebração religiosa, nem por isso ele faz mal a quem o celebra como quem come o pão e bebe o vinho do Amor de Deus em Sua Encarnação.
Isso porque, como qualquer outra coisa, o que empresta sentido às coisas não são as coisas em si mesmas, mas o olhar de quem nelas projeta, simbolicamente, o seu próprio coração.
Assim, que cada um tenha o Natal que em si mesmo tiver sido gerado!.
O meu é todo dia, pois, a cada dia vivo apenas porque creio que Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo.
Do contrário, para mim não haveria natal, posto que um homem como eu já não encontra ilusões viáveis como o auto-engano para a existência.
Por isso digo: sem o meu natal de fé em Cristo, sobraria apenas o meu funeral de tristeza.
Há quem faça um natalzinho existencialmente do tipo “Casas Bahia”.
Há quem o torne algo tão “exato” que não o celebrar é como não comparecer ao “Aniversário de Jesus”.
Há quem não o celebre por julgá-lo uma festa pagã.
E há também quem o denuncie como um certo “apóstolo” que, desejando “teologizar” disse que a Encarnação não é para ser celebrada, mas apenas a Ceia do Senhor.
E concluiu que quem celebra a Encarnação celebra o Primeiro Dia em vez de celebrar o Sétimo.
Assim, conclui ele, tal pessoa voltou atrás.
E isso tudo sem lembrar que João diz que todo espírito que não confessa a Encarnação não procede de Deus, pois é espírito do anticristo, o qual já está no mundo, e, segundo João, “procede do meio de nós”.
Sem Encarnação, Aquele que morreu e ressuscitou não poderia dizer: “Vede! Um espírito não tem carnes nem ossos, como vedes que eu tenho!”.
Sem começo, não há fim.
Portanto, tratando-se de Deus,
Alfa e Ômega são a mesma coisa, pois Aquele que é é, e nEle não se podem separar eventos que salvam e eventos que não salvam.
E isso por uma única razão é quem salva é Ele, e não pedaços dEle!.
Portanto, como todos os dias, celebre seu natal com a gratidão dos filhos da Graça que se encarnou como manifestação de uma reconciliação que já estava feita antes de acontecer na História,
visto que o Cordeiro de Deus já havia sido imolado desde antes da fundação do mundo.
Portanto, não há nada tão final quanto o próprio começo de tudo NEle.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens mais lidas