segunda-feira, 3 de junho de 2024

És o mais bonito dos planetas

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A natureza é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver.
Mas nós, em contrapartida,
a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição.
Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício.
E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Nós não conhecemos sua natureza e sua história.
Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos.
O lixo que jogamos no chão pode não falar, mas ele comunica uma mensagem importante sobre nossas atitudes e valores.
Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas,
os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Temos que saber que a terra é um grande ser do universo, de infinitas faces, de infinitas formas de vida, de infinitas histórias e aventuras; hoje  com teu corpo doído e sofrido, com teu sangue corrompido e manchado, com tua pele machucada e queimada.
Ainda persistes em acolher bem o teu filho predador que é também predador de si próprio.
Hoje é nosso dever assumirmos contigo o compromisso de te cuidar, de te recuperar, de te regenerar a começar pela própria regeneração humana.
A humanidade está cega pelas promessas das modernas ciências do saber que reconhecem, timidamente, a sua pequenez.
E é por teu amor incondicional que transcende a compreensão humana, que assumimos o compromisso de gritar por ti clamando alteridade,
caridade, amorosidade, respeito.
Terra.
És o mais bonito dos planetas.
A ti pedimos perdão pela nossa insensatez.
Assumimos hoje de forma individual e global, o compromisso de resgatar a consciência integral para que cada ação nossa colabore, para o nascimento de uma nova humanidade que te respeite, que te honre, que te ame verdadeiramente.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos  meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras.
O universo e a natureza possuem história.
Ela está sendo contada pelas estrelas, pela terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios.
Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.
Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. 
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas.
O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser  de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais.
Caso contrário  teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

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