segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Poema sobre o amor de Deus

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Deus é amor.
E amor é o que todo ser humano quer.
Portanto, quando alguém quer amor, amor, tal pessoa quer Deus, mesmo que não saiba.
Assim é que João, um dos apóstolos de Jesus, já idoso, mais ou menos aos 90 anos de idade, resumiu tudo o que de Deus em Cristo Jesus aprendeu e apreendeu, apenas dizendo:
Deus é amor.
Quem ama é nascido de Deus e naturalmente conhece a Deus.
Mas como Deus é amor e tanto Deus quanto o amor são invisíveis e inconfináveis, o único modo de se expressar o amor a Deus e à tudo quanto seja Vida em Deus, é amando o próximo e a toda a criação do Criador.
Desse modo é que se pode dizer que se Deus tem uma religião,
ela tem apenas Um Dógma: amor segundo Deus.
Ora, o amor segundo Deus é entrega. Para Deus amar é dar vida e até a própria vida!.
Entretanto, esse amar, dar a vida só se torna significativo no encontro do homem com outro humano ou com outra criatura, ainda que menor supostamente na percepção do existente.
O homem não tem como amar a Deus sem ser atraves do próximo!.
Eu só expresso amor se minha vida for uma dádiva ao mundo no qual eu habito; seja esse mundo do tamanho que seja; grande ou pequeno; ou mesmo ínfimo.
Não adianta amar o Infinito se não se ama o finito!.
O amor ao Infinito só é possível aos humanos como amor ao finito!.
Afinal, de acordo com o espírito do Evangelho, quem não ama o pequeno, não ama o grande, assim como quem não é fiel no pouco, não é fiel no muito.
Desse modo se reconhece um filho de Deus: pela sua existência em estado de entrega ao amor como serviço sincero aos vivos e à vida.
E para que isto aconteça basta que a pessoa se dê em amor onde quer que esteja!.
Em certas pessoas isto só acontece quando são chocadas pela pregação do Evangelho e se convertem.
Há outras, todavia, que nunca tiveram essa informação, mas cresceram segundo o caráter dela,
da informação.
Com certeza apenas por causa de um segredo de Deus inexplicavelmente falado no silêncio de seus corações sinceros.
Esses são os filhos de Deus que os religiosos insistem em chamar de “criaturas” de Deus, a fim de diferenciar um humano do outro;
ou seja: o religioso do não religioso, ou do indiferente à religião.
O Pai, no entanto, sabe quem são os Seus filhos apenas e tão somente pela prática da fé que atua pelo amor, mesmo que tal fé na vida em amor não decorra de um ensino direto do corpo organizado do Evangelho.
Ora, isto é tudo que os “crentes” não gostam, ou mesmo abominam.
Sim, pois tal liberdade de Deus lhes mata o discurso de “poder e detenção” da verdade e de sua aplicação “conquistadora” na existência do próximo.
Foi por esta razão que alguns entenderam no passado que a igreja como ente social e visível tem a muitos que Deus não tem;
ao mesmo tempo em Deus tem muitos que a igreja não permite entrar.
Ou seja: a igreja pode estar cheia de gente sem Deus, enquanto Deus é Deus de muita gente sem “igreja”!.
Nele, porém, todos os que são do amor, são da Igreja!.
Nele, do mesmo modo, todos os que não são do amor, não são Dele; ainda que tenham igreja entre os homens.
É esta realidade prática do amor como confissão encarnada da fé que os “crentes” abominam; pois é melhor dizer que se crê num corpo de doutrinas do que entregar o corpo ser para ser a encarnação do dogma de Deus: o amor.
Se o Evangelho não produz esse fruto em mim, saiba: é porque em mim o Evangelho de Deus não habita ainda.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Qual é o seu Natal ?.

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Existe vários Natais ao menos, um é o Natal do egoísmo e da tirania,
outro é o Natal da abnegação e da diaconia; um é o Natal do ódio e do ressentimento, outro é o Natal do perdão e da reconciliação;
um é o Natal da inveja e da competição, outro é o Natal da partilha e da comunhão;
um é o Natal da mansão,
outro é o Natal do casebre;
um é o Natal do prazer e do amor, outro é o Natal do abuso e da infidelidade; um é o Natal no templo com orquestra e coral,
outro é o Natal das prisões e dos hospitais; um é o Natal do shopping e do papai noel, outro é o Natal do presépio e do menino Jesus,
um é o Natal de José, outro é o Natal de Maria; um é o Natal de Herodes, outro é o Natal de Simeão;
um é o Natal dos reis magos,
outro é o Natal dos pastores no campo; um é o Natal do anjo mensageiro, outro é o Natal dos anjos que cantam no céu;
um é o Natal do menino Jesus,
outro é o Natal do pai dele.
O Natal de José é o instante sublime quando toma no colo o Messias.
A partir daquela primeira noite jamais conseguiria dormir em paz.
Sob seus olhos e sua responsabilidade cresceria aquele de quem falaram a Lei e os profetas.
Era de José a tarefa de ensinar ao menino a respeito de sua verdadeira identidade.
Enquanto recitava o profeta Isaías: “Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará".
O Natal de Maria é um canto de redenção: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”.
Jesus anuncia a redenção de geração em geração, obra das mãos do Deus que visita e abençoa os humildes e pobres, mas humilha e despede de mãos vazias os poderosos e prepotentes.
Uma redenção que transborda a subjetividade do foro íntimo e se esparrama pelo chão das sociedades injustas, atravessando o tempo e fazendo livres nossos filhos e os filhos dos nossos filhos.
O Natal do anjo mensageiro é proclamação de boas notícias a todos.
José, Maria, pastores no campo e todos os que inclinarem seu ouvido e coração para ouvir.
Menos para o menino Jesus.
A boa notícia de Deus aos homens a quem quer bem,
Ao divulgar que na cidade de Davi nasceu o Salvador, que é Cristo,
o Senhor, o anjo mensageiro desperta a ira de Roma, seus governantes e imperadores.
Somente César é Salvador, filho de Deus e Senhor.
Mas de agora em diante estaria presente no mundo aquele cujo reino jamais terá fim.
A pedra profetizada por Daniel,
solta pela mão de Deus para esmagar todos os reinos deste mundo já rolava na história,
e atendia pelo nome de Jesus.
As espadas romanas derramaram sangue inocente os impérios deste mundo sempre derramam sangue inocente, mas o Rei dos reis,
o Senhor dos senhores, sobreviveu para desfazer a grande mentira.
O Natal dos anjos cantores definiu que Deus somente é glorificado nos céus quando há paz na terra entre os homens.
Desde então, Natal é necessariamente compromisso com a justiça, convocação para a reconciliação.
Os pastores no campo deixaram seus rebanhos, que guardavam do mal, movidos pela curiosidade e pelo impulso do maravilhamento,
e quem sabe, guiados pela intuição de que naquela noite em Belém o mal estava acuado, reforçando as frágeis trancas das portas de seus territórios, sabendo já que seus dias eram contados.
Havia irrompido o tempo quando o lobo e o cordeiro dormiriam juntos,
e nenhum espírito tenebroso ousaria ferir a noite do nascimento do príncipe da Paz.
E o Natal dos três reis Magos que não eram necessariamente três, reis que não eram reis, magos que não eram magos foi tempo de adoração. Estudiosos dos corpos celestiais, viram a estrela no Oriente, e foram em busca do rei dos judeus, para o adorar.
Trouxeram consigo ouro, incenso e mirra, pois sabiam que adorar é servir, doar, presentear.
O menino que recebeu presentes enquanto na manjedoura distribuiu entre os pobres as suas riquezas e nos ensinou; quem deseja me dar um presente que o faça a um dos meus pequeninos.
Assim, até hoje, os adoradores de Jesus se espalham no mundo distribuindo riquezas, abençoando os que sofrem, suprindo os pobres, promovendo a justiça e sinalizando a paz.
O menino Jesus também teve seu Natal.
E assim o explicou.
Eu vim para que tenham vida; eu vim buscar e salvar o que se havia perdido; eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida em resgate de muitos.
O Jesus do primeiro Natal até hoje segue seu caminho batendo em todas as portas e dizendo “quem ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele, e ele comigo”.

sábado, 21 de dezembro de 2024

O Natal de cada um

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Paulo disse que não era mais para se guardar festas religiosas como se elas carregassem virtude em si mesmas.
Assim, as datas são apenas datas,
e as mais significativas são aquelas que se fizeram história, memória e ninho em nós.
Ora, o mesmo se pode dizer do Natal, o qual, no cristianismo, celebra o “nascimento de Jesus”, ou, numa linguagem mais “teológica”, a Encarnação.
No entanto, alguns estudiosos e historiadores disseram que Jesus não nasceu no Natal, em dezembro, mas muito provavelmente em outubro.
Entretanto, o Natal é uma herança de natureza cultural, instituída já no quarto século.
De fato, o Natal da Cristandade, que cai em dezembro, é mais uma criação de natureza constantiniana,
e, antes disso, nunca foi objeto de qualquer que tenha sido a festividade da comunidade dos discípulos originais.
Por mais que a Encarnação, que é o verdadeiro natal, não é uma data universal embora Jesus possa ter nascido em outubro, mas sim um acontecimento existencial que tem seu inicio em nós quando cremos que Deus estava em Cristo, e se renova em nós cada vez que vivemos no amor de Deus, confiantes na Graça da Encarnação e na Encarnação da Graça: Jesus, o Emanuel.
Que embora o Natal da Cristandade não seja nada além de uma celebração religiosa, nem por isso ele faz mal a quem o celebra como quem come o pão e bebe o vinho do Amor de Deus em Sua Encarnação.
Isso porque, como qualquer outra coisa, o que empresta sentido às coisas não são as coisas em si mesmas, mas o olhar de quem nelas projeta, simbolicamente, o seu próprio coração.
Assim, que cada um tenha o Natal que em si mesmo tiver sido gerado!.
O meu é todo dia, pois, a cada dia vivo apenas porque creio que Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo.
Do contrário, para mim não haveria natal, posto que um homem como eu já não encontra ilusões viáveis como o auto-engano para a existência.
Por isso digo: sem o meu natal de fé em Cristo, sobraria apenas o meu funeral de tristeza.
Há quem faça um natalzinho existencialmente do tipo “Casas Bahia”.
Há quem o torne algo tão “exato” que não o celebrar é como não comparecer ao “Aniversário de Jesus”.
Há quem não o celebre por julgá-lo uma festa pagã.
E há também quem o denuncie como um certo “apóstolo” que, desejando “teologizar” disse que a Encarnação não é para ser celebrada, mas apenas a Ceia do Senhor.
E concluiu que quem celebra a Encarnação celebra o Primeiro Dia em vez de celebrar o Sétimo.
Assim, conclui ele, tal pessoa voltou atrás.
E isso tudo sem lembrar que João diz que todo espírito que não confessa a Encarnação não procede de Deus, pois é espírito do anticristo, o qual já está no mundo, e, segundo João, “procede do meio de nós”.
Sem Encarnação, Aquele que morreu e ressuscitou não poderia dizer: “Vede! Um espírito não tem carnes nem ossos, como vedes que eu tenho!”.
Sem começo, não há fim.
Portanto, tratando-se de Deus,
Alfa e Ômega são a mesma coisa, pois Aquele que é é, e nEle não se podem separar eventos que salvam e eventos que não salvam.
E isso por uma única razão é quem salva é Ele, e não pedaços dEle!.
Portanto, como todos os dias, celebre seu natal com a gratidão dos filhos da Graça que se encarnou como manifestação de uma reconciliação que já estava feita antes de acontecer na História,
visto que o Cordeiro de Deus já havia sido imolado desde antes da fundação do mundo.
Portanto, não há nada tão final quanto o próprio começo de tudo NEle.

A nossa rotina

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Lendo a parábola do assaltado na estrada de Jericó parece restar a opção de querer ser o samaritano, tamanha sua bondade e por tornarmos seu ato emblemático e venerável, quando atos assim deveria ser a nossa rotina.
A parábola do assaltado reflete nossos dias aqui na Missão Vida, cuidando de gente que ninguém mais quer por perto, nem a sociedade cristianizada.
A figura do samaritano foi plantada na história pela fina ironia do Senhor Jesus, em vez de um judeu comum surgir ali e salvar o dia, aparece um samaritano desprezível; nenhum outro grupo étnico era mais odiado pelos judeus que os samaritanos.
Eles odiavam os romanos, os edomitas, mas nada que se comparasse ao ódio que nutriam pelos vizinhos.
O padrão estipulado por Jesus para o serviço cristão, também traduzido por amar as pessoas é inalcançável para a nossa natureza afastada d’Ele; amar é agir, não é sentimento, nem a declaração verbal deste.
Passarei a minha vida declarando meu amor, mas se as minhas ações não refletem esse amor, sou mentiroso, meu amor é mentiroso, nem é amor; atitude clara de benefício ao outro sendo ele quem for, isso é amor prático.
Sendo o amor de Deus uma prática e não um sentimento, então fui capacitado para amar pessoas mesmo não as conhecendo,
mesmo não gostando dessas pessoas.
Deus ordena que eu ame meu semelhante, que seja favorável, atento às necessidades desse semelhante, e não leio em parte alguma que deva gostar de alguém pra só então ajudar.
A Bíblia, minha única regra de serviço social e vida espiritual não tem um versículo sequer dizendo: “Ajude a quem você ama”.
Se as pessoas que precisam da minha ajuda tiverem que esperar até que eu simpatize com elas, sinta algo bom por elas pra só então vesti-las, alimentá-las, cuidá-las enfim, morrerão todas à míngua.
A forma efetiva do amor de Deus é ajudar até mesmo o adversário, o amigo que traiu, o colega que afrontou, o líder que humilhou em público ou no privado.
Ele, Jesus, não manda sentir coisas boas pelas pessoas ao meu redor, manda que eu ame-as assim como amo minha própria carne,
e eu gosto pra dedéu de mim
o amor que aprendo com o Deus encarnado me leva a uma ação amorosa e gentil em favor de cada humano; desconhecido, resistente ou detestável.

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