terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Poema sobre Melquizedeque

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Melquizedeque aparece do nada,
sem antecedentes e sem explicações.
Abraão encontra com ele e diante dele, e lhe paga o dízimo de tudo quanto tinha consigo.
Melquizedeque abençoa a Abraão. Então, assim como veio, ele vai, sem deixar vestígios.
Mais tarde, séculos depois disto, Melquizedeque aparece nos Salmos, quando, também do nada, se diz que o Senhor jurou que Seu Enviado seria feito Sumo Sacerdote, segundo a Ordem de Melquizedeque.
Somente isto e nada mais.
Até a Carta aos Hebreus.
É nela que Melquizedeque volta como nunca antes.
Agora ele é aquele que em Cristo tem seu Sumo Sacerdote.
Jesus se torna Sumo Sacerdote de uma nova ordem sacerdotal, a qual não era étnica, pois não era judaica.
Nem era levitica, posto que Jesus não era da tribo de Levi, mas de Judá; não tendo, portanto, qualquer relação com o sacerdócio anterior, o qual tinha na ordem Levitica, da tribo de Levi, um dos doze patriarcas de Israel, os representantes humanos do culto que se prestava ao Deus de Abraão.
Do mesmo modo se pode dizer que ela nem tampouco se condicionava à informação histórica, carregada de esperança mas também como especulação teológica e fixação de tradição em Israel.
Jesus sendo Sumo Sacerdote segundo uma ordem à qual o próprio Abraão pai do povo da revelação escrita se curvava, é apresentado na carta aos Hebreus como Aquele que também  abençoa a Israel e todos os que conhecem a informação da escritura.
A Carta aos Hebreus diz que esse Melquizedeque é semelhante ao Filho de Deus, sem principio de dias e sem fim de existência; sendo superior a tudo quanto era relativo a Abraão, visto que é o maior quem abençoa o menor.
Assim, Melquizedeque não é explicado, mas apenas afirmado.
De fato, ele paira sobre a História, é um pingo de peso explosivo num Salmo, e arrebenta tudo e todas as ordens, quando relativiza a mais importante de todas, a que procedia de Abraão.
Ora, o mistério de Melquizedeque é algo que ecoa o Cordeiro imolado antes de tudo, antes de qualquer ato criador de Deus.
Desse modo, pode-se dizer que o espírito da carta aos Hebreus acerca de Melquizedeque, é aquele que o apresenta como uma manifestação do Cristo Eterno, o qual não foi feito Cristo, no Jesus Histórico; mas sim, sendo o Cristo Eterno, se mostrou como tal em Jesus, na História.
Talvez seja por esta razão, também, que Jesus disse que Abraão viu os Seus dias e regozijou-se.
O Jesus Histórico não fez surgir o Cordeiro e nem a Ordem de Melquizedeque.
Pelo contrário, se diz que Jesus é Sumo Sacerdote “segundo” a Ordem de Melquizedeque; assim como se diz que o Cordeiro foi imolado antes de tudo; antes de haver mundo.
Jesus é a Encarnação de tudo o que Nele preexistia como Cordeiro Eterno, como o Cristo de Tudo e Todos, como o Sacrifício da Ordem de Melquizedeque que manifesta na História a invasão livre do eterno, se revelando aos homens, e derramando Graça de todas as ordens; e como Jesus; o Cordeiro de Deus; o Cristo; ou Cristo Jesus; ou apenas o Cristo; ou ainda o Cristo de Deus; ou simplesmente Jesus Cristo que é o que se diz Dele; enquanto Ele mesmo se define como Filho do Homem, o Caminho, a Verdade, a Vida, o Pão da Vida, a Porta, o Bom Pastor, o Noivo, e Aquele que é Um com o Pai entre outras autodefinições.
A Ordem de Melquizedeque é a Ordem da Nova Jerusalém, na qual os povos são curados, e todos trazem ao Cordeiro as belezas dos povos.
É em razão da Ordem de Melquizedeque que Jesus diz que muitos virão de todos os quadrantes da Terra, gente de todas as gerações, e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaque e Jacó.
É também por tal razão que o Evangelho deixa claro que a maior fé que Jesus vira, não viera de dentro de Israel, mas de um pagão de fora: o Centurião Romano.
Assim como é pela mesma razão que a mulher que dá um “ santo banho” em Jesus é uma mulher de fora de tudo, uma siro-fenícia.
O problema atual é que a humanidade entende a Ordem de Melquizedeque, mas já não entende a ordem de Levi, conforme a Bíblia, posto que tal coisa, para a humanidade, tiveram no Judaísmo e, sobretudo, no Cristianismo, os seus representantes históricos, o que fez com que um sentimento de repudio se espalhasse pela terra em relação a tudo quanto possa carregar tais “representações”.





sábado, 25 de janeiro de 2025

Poema sobre Hagar

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A concubina de Abraão é quase sempre vista de modo ruim nas Escrituras.
Primeiro porque ela era a “outra como se uma escrava tivesse outra opção!.
Depois, ela é mal vista por ter gerado os irmãos-inimigos de Israel: os árabes e seus parentes.
E, por último, a pobre mulher é mal vista em razão de Paulo ter usado a “figura” de Hagar, a escrava, a fim de “ilustrar” a diferença entre estar na lei e viver na graça.
Assim, Hagar virou definitivamente a “escrava” que foi a causa de tantos problemas para o santo patriarca Abraão.
Mas foi Sara quem mandou e Abraão “anuiu” ao conselho da esposa para que “tomasse” Hagar como concubina.
Todos os Abraões do mundo aceitariam.
Qual deles ousaria desobedecer à esposa num pedido desses?.
A questão é que Hagar também existiu como ser humano.
E há um caminho de Deus para Hagar como individuo.
Primeiro ela é a escrava.
Ela é quem ela foi designada para ser.
Depois ela foge com o filho.
Hagar não queria mais ser “Hagar”.
Deus a faz voltar e lhe diz que ainda haveria mais uma década para ela ficar na casa de Sara.
Somente depois de muito tempo é que Hagar é expulsa.
Chega a hora de sua libertação.
Ela vai com seu filho.
Abraão sofre a ida do menino, mas, conforme o próprio Deus, o patriarca também sofria por causa de “sua serva”.
A história de “Hagar” não terminou até hoje basta que se veja televisão ou se leia os jornais.
Sara é a dona da terra, os filhos de Israel que o digam.
Hagar é a escrava, os palestinos que falem a esse respeito.
Mas Hagar sabia que tem direitos, e que ela não foi somente “um rio que passou na vida” de Abraão” e o seu coração se deixou levar”.
Ela sabia que entre eles havia cumplicidade nada que Sara pudesse ter evitado de acontecer durante tantos anos de convívio.
Isaque e Ismael continuam lutando pelo direito de primogenitura.
Mas a mulher Hagar parou suas lutas.
A história prosseguiu e nela Hagar ganhou um papel simbólico ruim.
Mas a mulher Hagar foi tratada por Deus e Seus anjos com todo carinho assim nos conta o Gêneses.
Acabou que ela chegou escrava e foi embora livre.
A história fez dela uma “escrava”.
Mas na história de Deus com Hagar e de Hagar com Deus ela se transforma numa mulher livre, com identidade própria e capaz de dar continuidade a sua vida em companhia de seu filho.
Hagar está livre para sempre.
Todas elas!.
O estranho ao ler a Bíblia com olhos simples e humanos é perceber que mesmo aqueles aos quais se atribui um papel coadjuvante, todos eles tiveram seu “papel principal” aos olhos de Deus.
Assim, a grande Sara é grande na História.
Mas quem terá sido grande na história humana e particular de Abraão?.
O que não pode é haver comparação.
Pobre Sara se se comparar a Hagar.
Nos quesitos direito, legalidade e até beleza, provavelmente ganhasse.
Mas havia “algo” em Hagar para além da possibilidade de gerar filhos.
Abraão que o diga, com o próprio testemunho de Deus sobre a dor que o velho sentiu pela serva que partiu.
Mas e Hagar?.
Pobre dela se se compara com Sara.
Certamente morreria na marginalidade conjugal sendo que ela própria sabia o que a baiana tem.
Assim, num mundo que jaz no maligno não há histórias que não sejam assim incompletas e contraditórias.
Graças a Deus que independentemente dos papeis históricos e simbólicos, Deus trata com indivíduos, aos quais Ele ama mesmo quando a significação histórico-simbólica daquela pessoa não seja a de nenhuma “estrela” da história bíblica.
Assim, Sara é grande, mas Hagar não é menor.
Cada um é cada um.
Basta a cada qual a sua própria história em Deus.
 
 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

O lamento sobre Jerusalém

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"Jerusalém, Jerusalém que matas os profetas e apedrejas  os que te foram enviados.
Quantas vezes quiser Eu reunir-te como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vós não quisestes!".
Mas eis que agora, a vossa casa ficará deserta e sereis pisados e atormentados por muitas nações; e até que o tempo dos gentios se complete, Jerusalém será pisada e se transformará em objeto de todo ódio e de contradição.
Tudo que permanecerá com Jerusalém, será um sistema religioso vazio, até mesmo seu templo e sacrifícios. 
Até que chegue o dia em que Jerusalém venha a dizer: ' Bendito é aquele que vem no nome do Senhor'.
Nesse dia estarão os Seus pés sobre o monte das oliveiras o qual se fenderá para o Oriente e para o Ocidente.
Ele procederam águas, águas curadores que sararam toda nação,  todo mundo.
Essas águas Jesus já disse de onde procede.
Procede de fato do interior de todo aquele que crê que O busca, que corre para Ele; sede de água da vida.
— Senhor Jesus abre o coração do povo de Israel para o Evangelho, eles ficaram tão traumatizados com o cristianismo que não conseguem ouvirem o Evangelho.
Só um milagre Teu, pode fazer esse sinédrio tanto quanto o povo a abrirem o coração para a compreensão do Evangelho.
Tira o véu que está posto sobre Jerusalém, sobre toda a casa de Israel, sobre toda a casa de Esaú e de Ismael, sobre os filhos de Hagar, sobre o mundo inteiro.
Tira o véu espesso que já foi rasgado na cruz para todo aquele que crê.
Mas para aquele que não creu e nem crê, eis ainda o véu posto, espesso sobre a face a impedi a compreensão  do discernimento e o entendimento.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Resumo do filme Mad Max: Estrada da fúria

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Este filme revela uma paisagem devastada, onde a hierarquia social é cruelmente delineada pela escassez de recursos e pela ausência de divindades, permitindo que as piores inclinações humanas prosperem.
No centro desse universo brutal está Immortan Joe, com uma intensidade que combina grotesco e profundidade.
Ele domina não apenas pela força, mas pelo controle de um recurso vital.
A água, um bem que ele monopoliza em um deserto sem fim.
Joe mantém um harém e um sistema de reprodução que reduz as mulheres a instrumentos de sua dinastia deformada, expondo a face mais brutal de uma tirania fundamentada em necessidades primárias.
Miller aproveita seu passado como médico para injetar uma visceralidade única em cada cena.
Essa experiência transparece nas sequências que exibem a fragilidade do corpo humano em contraste com a brutalidade de um mundo desolado.
Joe, apesar de repugnante, não é um desvio isolado; sua tirania encontra eco em um padrão histórico de opressão validada por sociedades inteiras.
Miller constrói esse retrato ao se inspirar em líderes como Mao, Stalin e Hitler, criando paralelos que situam Immortan Joe como um arquétipo universal do poder desmedido.
Nesse universo de miséria e luta, Max é capturado e transformado em um recurso, alimentando o ciclo de violência e dominação.
Sua interação com Furiosa, uma rebelde marcada tanto física quanto emocionalmente, forma o núcleo emocional da narrativa.
Furiosa desafia Joe não apenas por vingança pessoal, mas por uma visão de redenção coletiva.
Sua luta se destaca pela combinação de força física e uma resiliência moral que contrasta com a desumanidade ao seu redor.
A personagem sintetiza a mensagem feminista que perpassa a obra sem nunca obscurecer sua brutalidade essencial.
A fotografia de John Seale amplifica essa dualidade, unindo o sublime e o grotesco em um espetáculo visual que desafia convenções.
O deserto, tratado quase como uma entidade viva, consome tudo ao seu redor em um cenário que mistura o hiper-realismo com um simbolismo opressor.
A cena de abertura, em que Max e seu veículo se fundem ao ambiente em uma coreografia de caos, define o tom de um filme onde a estética serve ao propósito maior de explorar a desordem ética de seu universo.
Quando a narrativa se aproxima de seu clímax, as motivações de Joe e Furiosa colidem de forma explosiva, revelando um subtexto profundo sobre controle e liberdade.
A perseguição que se segue não é apenas um espetáculo de ação, mas uma metáfora das tensões humanas mais universais.
Miller explora a ideia de sororidade com delicadeza, transformando Furiosa em uma figura de redenção.
Sua jornada a coloca como heroína definitiva, desafiando as convenções de gênero e assumindo um papel central em um filme ostensivamente masculino.
Essa tetralogia não é meramente um exercício de estilo, mas um alerta sombrio sobre as escolhas que a humanidade faz diante da escassez e do poder.
Enquanto “Estrada da Fúria” projeta um futuro apocalíptico, ele também reflete a realidade contemporânea de forma perturbadora.
A mensagem que permeia a obra é clara: sem liderança responsável ou uma revolução ética, o caminho à frente pode ser irreversível.
E sem figuras como Furiosa,
o destino da humanidade parece selado em um deserto literal e moral.
No nosso mundo real, quem é o Immortan Joe que controla o mundo, quem é são os políticos, empresários que controla os impostos?.
Quem é o Immortan Joe que tem a privatização da água potável?.
Há tantas pessoas inferiores sendo controladas pelos superiores, há pessoas pagando encargos abusivos. 
No nosso mundo real, o deserto nunca foi uma coisa artificial; a estrada da fúria ela existe para cada um de nós, e muitas outras coisas estão sendo privadas pela tirania.
Quem controla os recursos naturais?.
Quem si intitula ser o dono dos combustíveis ou dono das munições nessa terra de gigantes?.
Quem transformou mulheres em uma propriedade exclusiva?.
Quem testemunhou o mundo se degradando e hoje lamentavelmente acredita que a esperança é um erro, vive apenas uma filosofia de não pode consertar o que está quebrado, com o medo de enlouquecer.


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Descansa em Deus

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Aquele que descansa em Deus, descansa de suas próprias obras, como Deus descansou das Suas.
O descanso em Deus e o descanso de Deus são realidades da fé,
e que trazem todo bem ao coração.
O escritor de Hebreus disse que devemos descansar de nossas obras, posto que até Deus descansou das Suas próprias.
E afirma que esse Descanso é o fruto natural de crer que as obras de Deus estão todas feitas e acabadas como salvação para nós, assim como as obras Dele como Criador foram acabadas e consumadas também.
O Criador fez, e disse: "É Muito Bom!"
O Redentor fez, e disse: "Está Consumado!"
A questão é que assim como nós, humanos, não descansamos como criaturas, e, também, além disso,
não descansamos de nossa conturbação de destruirmos a Terra a cada dia, assim também não descansamos no amor de Deus, e trabalhamos contra a Graça,
visto que tanto o mundo já foi criado como também já está reconciliado com Deus em Cristo.
Apesar disso tudo, no entanto,
nós não entramos nunca no descanso, posto que não cessamos jamais as nossas obras de justiça própria.
Mas para aquele que crê,
não somente haverá, como também
já há um Descanso a ser usufruído desde agora, e que é obediência em fé à Lei da Graça, a qual nos diz que está tudo Feito.
Quem crê já conhece esse Lugar de Descanso!.


terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Três anos de guerra

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Ao menos cinco reações deveriam ser despertadas  em nós pelas tragédias que acometem a humanidade: horror, empatia, solidariedade, senso de fragilidade e senso de igualdade. 
O que temos visto nesses três anos de guerra na Ucrânia tem exposto as vísceras de nossa ambígua condição humana.
Se por um lado, nos horrorizamos com a maldade, solidarizando-nos com suas vítimas, por outro, deparamo-nos com a falta de simetria em nossa empatia, revelada descaradamente em nossa solidariedade seletiva.
Há um texto extraído do evangelho que poderia nos ajudar a ajustar o foco.
Dez leprosos vieram ao encontro de Jesus.
Depois de cura-los, Jesus os enviou ao templo para que fossem examinados pelos sacerdotes a fim de serem liberados para retomar o convívio social.
Dos dez, somente um retornou para agradecer a Jesus por sua cura,
e o texto faz questão de frisar que este era samaritano.
Enquanto estavam leprosos, não havia distinção entre eles, nem étnica, nem sexista, nem social.
Eram apenas seres humanos atingidos pela tragédia da enfermidade.
Tão logo foram curados e retomaram suas vidas, as distinções também retornaram.
Provavelmente, aquele samaritano voltou não apenas por ser grato por sua cura, mas também por não ter sido recebido no templo, visto que pessoas de sua etnia não eram bem-vindas lá. 
A julgar pelo que temos assistido, chegamos a um grau tão baixo de humanidade que as distinções prosseguem mesmo em meio a tragédia.
É inadmissível o que tem ocorrido aos negros que têm sido barrados ao tentarem embarcar nos trens em sua tentativa de deixar a Ucrânia.
É lamentável ouvir comentários de jornalistas correspondentes de guerra horrorizados pelo fato de que era um país europeu, com gente branca, loura e de olhos azuis que estava sendo atacada e não um país do Oriente Médio ou da África. 

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